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Sociedade Polarizada e Crise de Liderança

Me pergunto o que leva a esse fenômeno atual de vermos uma sociedade totalmente polarizada, uma sociedade do Sim e Não.

Hoje o fenômeno que me espanta e, que é traduzido em questões do tipo: se você ou é Petista ou é Bolsominio; ou Trump ou de esquerda, certo ou errado; conservador ou liberal; Nesse último ponto, então, é uma confusão louca, que mistura Comportamento e Economia, e amplia a incompreensão da polaridade. Não existe mais meio termo ou ponderações sobre qualquer desses temas.

Minhas questões são: por que perdemos o hábito de debater, pensar, ouvir, aprender, discordar e sermos propositivos de forma civilizada?

Face a elas, (minhas questões) passei a tentar desenvolver algumas teses que quero dividir para estimular essa reflexão.

1- Sociedade do Espetáculo: A tecnologia deu voz e protagonismo ao cidadão, e, claro, isso é muito positivo e mudou para melhor as relações como um todo. Porém, um efeito colateral se formou uma sociedade espetacularizada, onde todos são cobrados por protagonizar qualquer coisa. Essa pressão em si é destrutiva.

2- Redução da inteligência nos debates: A internet sem dúvida gerou uma democratização da informação e do conhecimento, e as Redes Sociais conectaram rapidamente pessoas e ampliaram o protagonismo. Mas, o efeito colateral foi a redução da cognição. Pesquisas com base no copy e paste, e a simplificação nos debate ajudou nessa assustadora mediocrização. São tragicômicos por exemplo: os filósofos de 140 caracteres do Twitter e os advogados do Tic Tok fazendo propaganda de seu ofício. (Imperdível).

3- Deturpação do conceito de produtividade: Será que o avanço da ciência do management extrapolou o olhar estratégico e se transformando numa “visão de curto prazo”, e, como consequência, deteriorou o conceito de Produtividade? Hoje produtividade é sinônimo de pressa e ganhos de curto prazo, a qualquer custo. Tenho certeza que veremos os efeitos colaterais nas empresas e na sociedade como um todo, desta lógica deturpada. Nossos horizontes encurtaram.

4- Tudo tem que ser “Fast”: A sociedade do Fast, da pressa, fez com que desenvolvêssemos o conceito de que podemos comprar tudo e rápido. Saúde, conhecimento, longevidade, experiências virtuais, e claro, sem esforço algum. Em breve, será que lançarão um chip de inteligência turbinada?

5- Neurose do sucesso individual. Será que as atuais cobranças por sucessos individuais, que começam cada dia mais cedo nas famílias e nas escolas, e chegam nas vidas profissionais totalmente atreladas a conquista de riqueza, nublaram a visão de coletividade, de comunidade, e de solidariedade? E, pior transformam-se em atributos a serem perseguidos.

Esses, e alguns outros pontos impactaram no desenvolvimento e na falta de líderes com olhar holístico, e com profundidade de pensamento que leve sempre a escolhas pelo bem comum.

Vejo essa falta de líderes na política, nas empresas, nas comunidades e nas famílias. Claro que existem bons exemplos, sem tanta generalização, mas a escassez é uma realidade atual.

Apostando sempre na auto-regulamentação, na regeneração social, e, principalmente, que no final, mesmo a duras penas, que o bom senso prevalece, acredito que essa será a oportunidade para indivíduos e comunidades que iniciarem processos de escolhas e visões de futuro em outras bases, avançarem.

Esse movimento já começou. Hoje, me jogo completamente nele, pois além de julgar mais eficiente, mais justo, tenho certeza que economicamente gerará mais retornos para mim e para o todo.

Esse é uma nova equação que se inicia.

Li recentemente sobre a decisão do maior Fundo soberano do mundo (Norueguês), com ativos de 1 trilhão de dólares em sua carteira (sim 1 tri de dólar), excluir de seus investimentos as empresas brasileiras Vale e Eletrobrás, apenas por não terem a visão do coletivo, do respeito e cuidado com pessoas. Não os mantiveram apenas por busca de retornos elevados.

Pela primeira vez a França elegeu esse ano, o que chamam de “onda verde”, conquistando as principais prefeituras do país para o Partido Verde, um forte indício de novas escolhas a partir de novos pensamentos e novas propostas.

Como nunca as bolsas precificam nas ações empresas com forte Governança, e não apenas a conquista do Ebitida pelo Ebitida.

Os processos de seleção nas empresas se sofisticam a cada dia, e, novos critérios na atração de jovens inteligentes com capacidade de busca na solução de problemas e com valores sólidos é o desejado.

Estamos falando do início de um movimento sem volta.

É nele que quero estar, e para ser prático vou contar o que tenho tentado fazer e agir na educação de meus filhos. Estimulo diálogos com dialéticas e conflito de ideias, leituras de livros, especialmente em papel, fazê-los escrever textos, exercitar a capacidade de ouvir, participar de trabalhos voluntários, viajar em projetos de intercâmbios, fortalecer e valorizar as amizades nas diversas tribos onde circulam, e por fim e muito importante, se jogarem nesse mundo e viverem experiências que seguramente os tornarão mais fortes.

Não espero que se tornem líderes, mas simplesmente cidadãos, na essência da palavra, só isso os fará construir e participar em um mundo melhor e mais justo.

Tenho certeza que a polaridade será superada em breve, pois já dá vergonha alheia em que nela milita, só que tudo isso acontece de forma descoordenada.

Resumindo, traduzo a polaridade como um reducionismo da inteligência, uma forma de esconder as próprias fragilidades intelectual, e vem acompanhada de um tipo de agressão com o mesmo propósito.

Por fim sugiro que trabalhe para ser um ser humano interessante, que saiba ouvir, que goste de debater, de estudar, de ler livros, de ir ao cinema ou assistir séries, de viajar, de se atualizar com notícias, de conhecer pessoas diferentes de você, de cuidar de sua alimentação e saúde, tenho convicção que essa forma não falha e seus dividendos na vida serão generosos.

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