Publicado em 12/08/2020, na revista ADMPRO, da CRA-SP, na coluna Marketing Aplicado
Ao longo de nossa trajetória como brasileiros, essa questão do título vem a nossa mente e, regularmente, a debatemos em conversas e encontros. Normalmente, nessas conversas tangencia-se a essência e, na sequência, o assunto é política partidária que, inevitavelmente, nubla a análise lúcida e, via de regra, vira polêmica.
Olhamos sempre para o futuro com as variáveis do presente recente, especialmente pelos fatos ocorridos na semana, o que é um equívoco. E, em relação ao entendimento do presente, nunca o fazemos com análises do passado. E, nessa fase de muita turbulência, tenho pensado muito nesse assunto “Temos jeito? Daremos certo?” São questões que, imagino, todos se fazem.
Resolvi olhar com mais calma e menos emoção. Resolvi, também, me desvencilhar das análises político partidárias, que são absolutamente normais, mas escolho um olhar que antecede essas escolhas, um olhar de cidadão e com a minha visão de sociedade civil organizada.
Com essa metodologia, mapeei alguns pontos que me dão muita esperança e crença de que estamos avançando e outros que julgo serem âncoras do nosso desenvolvimento.
Vamos a eles. Primeiro, os pontos positivos:
Nossas instituições estão funcionando. Temos uma imprensa livre, um poder judiciário, que apesar de arcaico e caro, nos dá estabilidade nos pesos e contrapesos da política. Estamos na oitava eleição presidencial, de forma democrática e já se vão 31 anos desde a primeira eleição após a ditadura. Por fim, os poderes executivo e legislativo são reflexo das escolhas populares e da sociedade.
Vejo uma desmistificação dos conceitos de esquerda e direita. No passado recente eram estereotipadas e, hoje, passam a estar atreladas às escolhas da plataforma de governos, na busca dos melhores caminhos de crescimento e decisões futuras. Tão real, que as alternâncias de poder têm acontecido com altas taxas de renovação, além de vermos partidos que desabam em suas incoerências.
A valorização das liberdades de imprensa, de expressão e, ainda com muito por melhorar, a de empreendedorismo, são avanços incríveis.
A luta pelas políticas de inclusão de gêneros, raça, minorias e tantas outras viraram uma realidade com conquistas importantes, que não mais retroagirão.
Existe, sem dúvida, uma geração de empreendedores, de jovens que hoje constroem empresas e lutam por sonhos e causas. Uma geração bem mais preparada que as últimas, bem mais globalizada e com visão sistêmica de mundo.
Conceitos de governança e responsabilidade social não são mais “balelas corporativas”. Tornaram-se realidade e são fundamentais para qualquer empresa do século XXI.
As redes sociais viraram um fato novo de enorme importância, pois revelam os absurdos e as notícias de excelência. Corrigem e ajustam o todo com sua força descomunal e tudo rapidamente. O efeito colateral são as Fake News, que serão também minimizadas pelo aprendizado e fiscalização.
Nossas políticas públicas na gestão da economia estão prestes a desencadear uma grande revolução: nunca vivemos juros tão baixos e, se realmente se descartelizar a indústria bancária, viveremos uma nova era que mudará tudo de forma positiva. Juros altos foram, de verdade, uma cruz muito pesada, uma enorme âncora de nossa história. Nunca experimentamos esse modelo. Acreditem, os impactos positivos poderão ser exponenciais.
Avanços na agricultura. É fato que é uma das nossas vocações e já somos uma nação fundamental para alimentação dos mais de 7 bilhões de humanos. Estamos avançando muito na pesquisa e nas tecnologias desse segmento. Seremos cada dia mais valorizados.
Temos um povo miscigenado e hospitaleiro. Somos um fractal do mundo, uma amostragem maravilhosa e, se acertarmos a mão nesse projeto de futuro, seremos um dos países mais admirados e desejados.
Pontos que faltam, a meu ver, e que precisaremos avançar urgentemente para explodirmos como nação:
Educação. Começando pelo óbvio, mas uma realidade inconteste. Julgo que apesar dessa tecla estar insistentemente ressonando, falta estratégia, plano de ação e expurgar a área da política fisiológica, entregando a especialistas e, principalmente, convidando a sociedade para o debate e as escolhas.
Tecnologia. Merece ser uma política de Estado, pois o mundo se dividirá entre nações que avançarão e as que ficaram para trás. E essa diferenciação estará fragmentada nos estados e nos municípios, com uma nova classificação de desenvolvimento.
Sustentabilidade está associada a preservação do meio ambiente e à uma economia em escala que também preserve. O Brasil deveria sair na frente da tendência do que se qualifica como Economia Verde. Se abraçássemos a causa de verdade, caminharíamos para ser uma das nações mais desenvolvidas do mundo.
Formar técnicos e valorizar áreas e profissões técnicas, que sempre serão fundamentais para qualquer país.
Segurança, segurança e segurança. Talvez um dos mais importantes pontos para o desenvolvimento de qualquer cidade ou estado e, no final da linha, de qualquer país. Aqui me refiro especialmente à inteligência, a ocupação urbana inteligente e a apropriação da cidade por todos os seus cidadãos.
Ampliar o conceito de cidades. Provavelmente uma das maiores invenções da humanidade. Precisamos que a divisão de impostos privilegie as cidades e as escolhas de suas populações, para que sejam plenas e não mendiguem recursos. Hoje, há uma inversão nessa lógica.
Reformar urgente o Poder Judiciário, especialmente imputando responsabilidade quanto aos prazos. Não é antagônico com o que cito como ponto positivo acima no item 1, são dois olhares complementares.
Desenvolver o espírito comunitário nas escolas, nos bairros, nas associações de classes, nas empresas, como o convite ao empoderamento do cidadão a partir de suas atitudes.
Fortalecer o turismo e a indústria criativa (arte, eventos, entretenimento, cultura, esporte) como atividades econômicas a serem priorizadas, uma vez que estão na vocação do Brasil e são áreas estratégicas para o fortalecimento econômico e distribuição de renda..
Infraestrutura: privatizar e realizar PPPs em todo o país urgente, desde saneamento até estradas, aeroportos e convidar o mundo para investir em um país por fazer, com taxas de retorno altíssimas, afinal, temos a 8ª economia do mundo e a 5ª em população.
Por fim se valorizarmos os avanços dos 10 pontos positivos e trabalharmos os 10 que julgo urgentes, seremos uma nação onde o futuro virará um presente próspero para quem lá estiver. Só lembrando: serão nossos filhos, netos e bisnetos que olharão para nossa geração com orgulho. Assim sonho e desejo e tento fazer do cotidiano um exercício para que isso possa acontecer!
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